O futuro está em nossas mãos

30/09/2005 0 Por Rodrigo Cintra
As palavras encontram caminhos tortuosos para conseguirem expressar o sentimento de desolação, medo e aversão pelo conjunto de atentados que abalaram não só a sociedade estadunidense, mas também todo o mundo ocidental e pare significativa do mundo oriental.

Sem conseguir encontrar uma explicação (mesmo que aceitável), vemo-nos expostos como indivíduos e como membros de uma sociedade. Para aqueles que não têm perdas diretamente ligadas aos atentados, fica a quebra de uma das principais tendências mundiais: o sentimento de Humanidade.

Depois das horríveis cenas da II Guerra Mundial e da tensão da Guerra Fria, tivemos a promessa de que o mundo seria outro. Ainda que a desigualdade entre as pessoas e os povos esteja aumentando, os conflitos violentos pareciam estar com os dias contados, sobrevivendo apenas em alguns lugares mais distantes (distância geográfica ou no imaginário).

Esses atentados serviram como um alerta de que os problemas do mundo e a distância entre as pessoas e culturas ainda estão muito longe de serem suplantadas por uma idéia única de ser humano e, portanto, de um destino compartilhado por toda a Humanidade.

O momento exige reflexão. Se por um lado devemos ajudar no que for possível para encontrar os promotores deste ato inaceitável, por outro não podemos permitir que um inimigo (e possível culpado) seja eleito para, em seguida, ser destruído. A melhor resposta que podemos dar é o diálogo. Mais do que culpados, temos que encontrar as causas.

Não podemos simplesmente assumir uma posição de vítimas buscando vingança; devemos estar abertos a todas as respostas, mesmo porque isso pode ser resultado de uma recusa do Ocidente em dialogar com outras culturas (se é que se trata de atentados desta natureza).

Não há dúvida de que o dia 11 de setembro de 2001 inaugura um novo momento da história mundial. No entanto, o perfil deste futuro está em nossas mãos: ele pode ser o do embate violento e covarde entre diferentes culturas ou um período no qual o diálogo deixará de ser um mero instrumento de retórica e transformar-se-á no pilar de nossas vidas.

Originalmente publicado em:

Revista Autor

Ano I – N. 3 – Especial – setembro de 2001