Entrevista com Rodrigo Cintra, CEO da Focus RI

19/07/2011 0 Por Rodrigo Cintra

O chefe do Departamento de Relações Internacionais & Country Studies da ESPM-SP e CEO da Focus RI, empresa de consultoria e assessoria em relações internacionais, Rodrigo Cintra, em entrevista ao Portal Mundo RI, falou sobre Internacionalização de Empresas, tema do curso que ministrará nos dias 23 e 24 de julho.

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Apesar dos inúmeros incentivos à internacionalização de pequenas e médias empresas, tais como linhas de crédito específicas do BNDES, programas do SEBRAE, Projetos do Governo Federal e Governos Estaduais, falta preparo por parte dos empresários para conduzir com eficácia o processo de internacionalização, afirma Cintra, que também descreveu o perfil da empresas que começam a buscar sua inserção internacional.

MundoRI – Qual razão do foco do curso nas pequenas e médias empresas?

Cintra – As grandes empresas geralmente apresentam uma atuação mundial, com divisão dos mercados internacionais entre diversas plantas. No caso das pequenas e médias, a atuação internacional apresenta outros tipos de desafios. A prospecção dos mercados e as estratégias possíveis de entrada são diferentes. A realidade das pequenas e médias empresas é de escassez de recursos para investimentos em abertura de mercados internacionais, e isso deve ser considerado.

MundoRI – Considerando que a boa fase econômica vivida pelo brasil se deve, em grande parte, ao mercado interno, por que internacionalizar?

Cintra – Internacionalizar uma empresa é mais do que abrir novos mercados (ainda que este objetivo também deva ser considerado). A presença em mercados mundiais permite à empresa aprimorar seus processos produtivos, ganhar escala, ter contato com concorrentes e novas tendências, entre outras.

MundoRI – Os empresários brasileiros já entendem essa necessidade? E estão preparados para os desafios da internacionalização?

Cintra – Em geral o que se percebe é que os empresários já entenderam a necessidade de internacionalização, porém ainda não sabem como fazer isso. De coisas mais simples como dominar línguas estrangeiras (como inglês e espanhol) a outras mais complexas como os padrões de negociação e os modelos possíveis de internacionalização ainda carecem de mais atenção.

MundoRI – Quais as maiores dificuldades?

Cintra -Talvez uma das maiores dificuldades num processo de internacionalização é o processo de comunicação. Entender o que efetivamente a outra parte quer. Nós tendemos a projetar nossa visão do negócio para o nível internacional, replicando a experiência (geralmente bem sucedida) que temos no Brasil, e não conseguimos entender porque ela não funciona. Cada cultura tem um padrão de negociação, de compreensão do negócio. É preciso entender essa questão para que se possa pensar se efetivamente estamos olhando para o melhor mercado.

MundoRI – Qual a importância de um profissional especializado nesta área?

Cintra – O profissional qualificado é capaz de desenvolver uma estratégia de inserção internacional que efetivamente seja viável. Internacionalizar não é vender para fora do Brasil. O tempo da negociação, do negócio em si, é maior. Existem várias estratégias possíveis que variam em dois eixos: tempo de retorno e risco. O mercado internacional apresenta lógicas nesses eixos que são muito diferentes das encontradas no mercado brasileiro. Nem sempre um bom estrategista comercial brasileiro será um bom profissional na hora de internacionalizar uma empresa.

MundoRI – Qual o perfil das empresas brasileiras que já cuidam de sua inserção no mercado global?

Cintra – Em geral são as empresas de grande porte. As pequenas e médias empresas ainda estão no começo. Mas só se preocupam com as vendas. Marca, contato com consumidor, compreensão de tendências internacionais são algumas das coisas que deverão ser cuidadas, de outra maneira, é muito difícil se manter no mercado internacional sem uma crescente deterioração das condições comerciais.

MundoRI – Empresas de quais setores estão buscando a internacionalização?

Cintra -No caso das pequenas e médias empresas, o que se vê é que aquelas que produzem produtos específicos, bem “brasileiros” são as primeiras a se aventurarem no mercado internacional. As demais costumam ter medo da concorrência. É a idéia de que os chineses fazem mais barato que nós. Mas há condição para empresas de manufaturados também buscarem o mercado internacional, o que é necessário é uma boa estratégia. Algumas empresas de serviços começam também a se envolver com a internacionalização.

Rodrigo Cintra é CEO da Focus RI e Chefe do Departamento de Relações Internacionais & Country Studies da ESPM-SP. Doutor em Relações Internacionais pela UNB e Pós-Doutor em indústrias Criativas e Competitividade Territorial pelo Instituto Universitário de Lisboa, é também membro do conselho consultivo da Câmara de Comércio Argentino Brasileira, onde foi Vice-Presidente da Diretoria Executiva no triênio 2004-2006 e Diretor de Pesquisa no triênio 2001-2003.

Fonte: http://mundori.com/home/view.asp?paNoticia=2223 (13/7/2011)