Brasil ganha tanto com Obama quanto com McCain

17/06/2008 0 Por Rodrigo Cintra
Barack Obama ou John McCain? Quem será o melhor presidente para as relações bilaterais Estados Unidos-Brasil?

O democrata tem a vantagem quando se trata das agendas trabalhista, ambiental e dos direitos humanos e o republicano, nas relações comerciais. Entretanto, independentemente do vencedor, especialistas ouvidos pelo Diário acreditam que ambos terão ótimas relações com o País, pois sabem que o Brasil se tornou um importante ator político e econômico mundial.

Rodrigo Cintra, professor do curso de Relações Internacionais da ESPM, acredita que o Brasil tende a ganhar mais com John McCain, que já disse publicamente sua pretensão de retirar parte dos subsídios do etanol e que defenderá a entrada do país no G8 e no Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas), duas grandes questões da política externa brasileira.

“Obama tem uma visão um pouco mais da liderança americana, de recuperar a centralidade que o país tinha em termos morais. McCain é mais estratégico. Já disse que admira a atuação do Brasil no Haiti e coloca o País como um possível líder militar no continente.”

Democrata – O embaixador Sérgio Amaral, diretor do Centro de Estudos Americanos da Faap, acredita que ainda é cedo para discutir qual candidato será melhor, já que a segunda fase da campanha eleitoral está apenas começando nos EUA e o que se conhece dos programas ainda é assunto de generalidades.

Mas afirma que o Brasil tem mais afinidade com o candidato democrata. “Pelas questões do multilateralismo, as agendas ambientais, dos direitos humanos e devido a uma postura menos concentrada no terrorismo”, afirma.

Para a pesquisadora associada do NUPRI-USP, Denilde Holzhacker, a candidatura de Obama é mais promissora porque poderá aumentar o diálogo do governo americano na agenda internacional e regional.

Na sua avaliação, o democrata tem um discurso convergente ao do Brasil sobre a necessidade do mundo de combater a pobreza e aumentar o desenvolvimento. “Um presidente americano sensível a estes temas na agenda internacional poderia beneficiar a posição brasileira no cenário internacional”, avalia.

Consenso – O consenso entre os especialistas recai sobre a posição de destaque que hoje o Brasil ocupa no cenário mundial. “Qualquer um dos dois precisará ter um tratamento diferenciado com o Brasil, que será uma potência importante nos próximos anos. Nós temos potencial hidrelétrico, terras agriculturáveis e fontes de matriz energética”, diz Rodrigo Cintra.

Para o embaixador Sérgio Amaral, o Brasil vem conquistando uma posição de destaque nas últimas décadas, por conta da estabilização da situação econômica e de uma política internacional mais ativa. “O Brasil se sobressai na América Latina pela credencial democrática, pela economia, pelos compromissos nas áreas de Direitos Humanos e meio ambiente. Isso faz com que tenha um peso maior”, diz.

Adriana Mompean
Do Diário do Grande ABC

Publicado Originalmente em:
segunda-feira, 23 de junho de 2008
http://www.dgabc.com.br/default.asp?pt=secao&pg=detalhe&c=6&id=12035