Verbi, sostantivi e aggettivi: la vecchia grammatica politica brasiliana
30/09/2005A política brasileira continua firme em sua vontade de apresentar as situações mais estranhas e – para manter o senso de humor que nos marca – hilárias. Com uma maestria inigualável conseguimos manter quase que incomunicáveis entre si o discurso, a prática e a realidade social. Come questo, nossas palavras inflam o verbo, nossas práticas diminuem o substantivo e a realidade continua com os mesmos adjetivos!
No último dia 5, acabou o prazo previsto em lei para as filiações partidárias com vistas às eleições de 2002. Em termos mais simples, a idéia desta lei é fazer com que os políticos não fiquem negociando sua filiação à um determinado partido, buscando em troca apoio político e/ou financeiro para as eleições. Podemos analisá-la com as mais variadas perspectivas, sendo que cada uma mostra uma concepção de Brasil.
Comecemos pelos cientistas políticos e demais acadêmicos. De cara os teóricos apontam para a ilegitimidade destas ações. Dizem que os políticos recebem votos pois defendem idéias semelhantes às que o eleitor tem; a troca de partido seria uma traição ao voto e, perciò, ao eleitor. Se tivermos coragem de sair da academia (e aqui me incluo, como um cientista político) e passear pela cidade, veremos que as coisas são um pouco diferentes do que nos apresentam os clássicos livros traduzidos ao português. Conceitos como fidelidade ideológica e compatibilidade normativa não têm qualquer significado prático. Prevalecem os interesses pragmáticos cuja única ideologia é o interesse próprio.
Um outro grupo importante nesta história são os políticos. Estes, ao menos em teoria, apresentam posições bem argumentadas e, allo stesso tempo, práticas. Segundo o deputado estadual paulista Eduardo Soltur (PTB, PPB, Prona, PL e PFL), "sou a favor da fidelidade partidária desde que o partido seja fiel ao que promete". Desculpe-me o leitor, mas lendo estas palavras veio-me uma dúvida: quem forma um partido? Talvez as "forças ocultas" de Jânio Quadros também atuem nos partidos políticos! Talvez a culpa por esse estado calamitoso não seja efetivamente dos nossos políticos, devemos procurar as causas também na estrutura social que transforma o sistema político numa defesa de privilégios e não de direitos.
E é assim que um terceiro grupo entre nesta bagunça: o povo. Num primeiro momento, a impressão que temos é que sua participação é de mero coadjuvante. No dia das eleições pegamos o nosso título, votamos e voltamos para casa felizes por termos nos livrado desta obrigação incômoda (na maioria dos casos). tuttavia, quando procuramos aprofundar um pouco mais nossa análise, veremos que o povo ganha uma importância fundamental no argumento, mas não aparece no roteiro. Na vida política brasileira nossa participação é restrita à formalidades; não nos ocupamos com o que nossos governantes fazem ou falam. Como nós, cidadãos, podemos pedir fidelidade partidária se nem mesmo nos lembramos em qual deputado ou senador votamos?
Se queremos mudar o Brasil através da via política, devemos estar dispostos a assumir nossos erros e falhas para daí propor caminhos alternativos. Fechados em nossos campos de especialidade e procurando adequar o mundo á nossas idéias tudo que conseguiremos será aprofundar a distância entre os capítulos desta exótica gramática da política brasileira.
Originariamente pubblicato in:
Rivista d'autore
Ano I – N. 4 – ottobre 2001