De Pompeo à ONU, a difícil sustentação da ideia de não-interferência

De Pompeo à l'ONU, le difficile support de l'idée de non-ingérence

22/09/2020 Non Par Rodrigo Cintra
Foto William Volcov/Brazil Photo Press/Folhapress

L'usure de la visite du secrétaire d'État des États-Unis, Mike Pompeo, à Roraima ne fait qu'augmenter. No artigo O Brasil entra no jogo eleitoral dos EUA vimos as razões eleitoreiras da visita, agora vemos impacto sobre a própria política brasileira.

Interessante observar um posicionamento tímido tanto do Ministério de Relações Exteriores quando da presidência do Brasil enquanto há uma grita de parlamentares de destaque. O presidente da Câmara dos Deputados, deputado Rodrigo Maia declarou que a visita « não condiz com a boa prática diplomática internacional e afronta as tradições de autonomia e altivez de nossas políticas externa e de defesa ».

No Senado Federal não foi diferente, a ponto da Comissão de Relações Exteriores ter aprovado um convite para que o chanceler Ernesto de Araújo explique a visita do Secretário de Estado. Caso os senadores não fiquem satisfeitos com a resposta poderão tomar medidas contra o chanceler. De acordo com a senadora Kátia Abreu, « se as explicações não convencerem os senadores, aprovaremos uma moção de censura contra o chanceler. Isso afeta diretamente a carreira e a reputação do diplomata ».

O presidente Bolsonaro defendeu em suas redes sociais a visita com um argumento vazio: « A visita do secretário de Estado @SecPompeo à Operação Acolhida, em Boa Vista/RR, em companhia do @ItamaratyGovBr (Ministro @ernestofaraujo), representa o quanto nossos países estão alinhados na busca do bem comum ».

O tal « bem comum » a que se refere é a defesa da remoção de Maduro da presidência venezuelana. Independente de visões ideológicas ou mesmo da defesa das condições democráticas (ou não) que fazem de Maduro o presidente, a questão que se mostra é a da interferência externa. Ao abrir o território brasileiro para uma ação eleitoreira (ver O Brasil entra no jogo eleitoral dos EUA), estamos, na verdade, abrindo espaço para que outros países também questionem posições e decisões do governo brasileiro.

Interessante notar que o mesmo presidente Bolsonaro que acha correta e apoia esta intervenção se prepara para um discurso de abertura da Assembléia da ONU no qual dirá que o mundo não tem o direito de se intrometer na política brasileira.

Publié à l'origine dans Carte du monde (www.mapamundi.org.br)