L'élevage porcin perd des investissements et ouvre de nouveaux marchés avec la fièvre aphteuse au Brésil

18/10/2005 0 Par Rodrigo Cintra
Em entrevista ao suino.com Rodrigo Cintra, analista de relações internacionais, da Focus RI, faz uma análise das perdas ocasionadas à suinocultura devido ao foco de febre aftosa constatado no Mato Grosso do Sul. Para ele a abertura de novos mercados ficou prejudicada e a recuperação do setor depende de negociações com os países importadores de carne brasileira.

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18/10/2005 – L'élevage porcin perd des investissements et ouvre de nouveaux marchés avec la fièvre aphteuse au Brésil

 

Em entrevista ao suino.com Rodrigo Cintra, analista de relações internacionais, da Focus RI, faz uma análise das perdas ocasionadas à suinocultura devido ao foco de febre aftosa constatado no Mato Grosso do Sul. Para ele a abertura de novos mercados ficou prejudicada e a recuperação do setor depende de negociações com os países importadores de carne brasileira.

1. O que o produtor brasileiro deixou de fazer neste caso do foco de aftosa?

Faltou a conscientização de que o descuido (principalmente sanitário) de um produtor, de um rebanho, pode fazer com que o complexo carnes seja prejudicado em nível nacional. Por mais que se argumente que o governo não fez o repasse de verba destinado ao controle da aftosa, o setor deveria ter se mobilizado: seja para cobrar e pressionar o governo para investir no complexo carnes, seja para, de maneira autônoma e conjunta, implementar programas de melhora da sanidade animal.

As associações poderiam ser utilizadas para controlar e fiscalizar a maneira que os produtores cuidam da sanidade animal de seus rebanhos, como acontece em outros países produtores.

2. Neste momento poderia se transferir a responsabilidade a alguém?

É impossível isentar o governo, mas acreditamos que os produtores poderiam ter tomados medidas para prevenir o incidente. É sabida a vulnerabilidade do Brasil em relação às epizootias, e por isso, os produtores brasileiros deveriam ter um controle minucioso e adotar melhores práticas produtivas para cada vez mais alcançar os altos padrões internacionais de qualidade.

Enquanto medidas desse tipo não forem adotadas, cada novo surto de epizootia que ocorrer no Brasil vai ser encarado pela comunidade internacional como negligência do setor, pois são os reais responsáveis pela produção.

3. Que oportunidades o país está perdendo?

Atualmente há uma grande oportunidade de mercado para a suinocultura brasileira na África do Sul, no entanto o país deve também colocar barreiras contra o suíno brasileiro (como já fez com a carne bovina). Os mercados importadores da África do Sul, que já cogitavam ter o Brasil como fornecedor alternativo, podem também não se interessar pela carne brasileira e procurar outros fornecedores, até mesmo na própria América do Sul como Chile e Argentina.

Sabe-se que a demanda por carnes aumenta no final do ano, devido às festas e ao inverno no Hemisfério Norte, desta maneira o Brasil perde a oportunidade de alcançar índices recordes de exportação.

4. A abertura de novos mercados ficou prejudicada com este episódio?

Com certeza. O Brasil mostrou que sua produção é sensível às epizootias e novos mercados são ainda mais exigentes para a importação de carne. Para um país se tornar fornecedor de qualquer produto, deve-se ter a aprovação do governo receptor, atestando a qualidade do produto segundo determinados padrões estipulados nacionalmente. Nenhum governo quer comprometer a saúde de sua população com a importação de produtos de um país que não assegura a qualidade de sua produção.

5. Em valores, o que está sendo perdido em médio prazo nas negociações internacionais?

Estima-se que as exportações para a União Européia (um dos maiores compradores da carne bovina brasileira) diminuirão em 60%. Somando-se a isso, o embargo da Rússia (que corresponde a 10% das importações de carne bovina brasileira) certamente comprometerá a meta de exportação do Brasil, estipulada em US$3 bilhões.

6. Qual seria o prazo para a recuperação e estabilização do mercado?

Considerando que o embargo russo à carne suína brasileira durou por volta de 6 meses, tememos que o mesmo ocorrerá com a bovinocultura. Desta vez, o impacto na mídia foi muito maior: pois o MS é um dos estados exportadores mais produtivos. A Agência Estadual de Sanidade Animal e VegetalIAGRO recentemente propôs esse prazo para interdição de propriedades em risco na região próxima do foco encontrado na fazenda Vezozzo.

Por isso é interessante que o Brasil negocie a queda das barreiras, primeiro nos países que embargaram as exportações nacionais de carne bovina, como é o caso de Israel e África do Sul. Em seqüência é fundamental que se negocie a queda das barreiras aos outros estados não afetados com a doença, como é o caso de SP, um dos principais estados produtores do país. Espera-se que, Donc, paulatinamente a bovinocultura se restabeleça e cumpra com as devidas melhorias para ganhar, quem sabe em definitivo, seu lugar de destaque.

7. Como o BI e o suino.com poderão abordar o assunto?

As análises do BI Suino.com sempre enfatizaram a necessidade da suinocultura não só melhorar seus padrões de sanidade e segurança, como também a importância da mobilização do setor. Somente uma suinocultura organizada e coesa conseguirá exercer a pressão necessária para que o governo assine acordos comerciais benéficos para o setor, bem como invista para sua melhoria, seja para sanidade, logística ou marketing.

As análises do Suino.com, além de tratarem de maneira analítica de assuntos atuais que interessam o setor suinícola brasileiro, aponta oportunidades de mercado, mostra exemplos de organização e estratégias de promoção comercial de outros países produtores. As análises são informação estratégica para os tomadores de decisão, tanto para as empresas de forma individual quanto para o setor suinícola como um todo.

Redação suino.com