La victoire de Lula est une révolution pour le Brésil et, peut-être, au monde. Pela primeira vez nos 500 anos de história do Brasil, o poder passará para um membro que não é representante ou oriundo da elite brasileira. O que mais me impressiona nisso tudo é que conseguimos fazer essa mudança dentro das regras do jogo (democracia) e verificamos uma busca por neutralidade por parte do presidente Fernando Henrique, que poderia usar a máquina estatal a favor de seu candidato.
Durante as campanhas eleitorais, os candidatos devem demonstrar sua capacidade de modificar o que está ruim e melhorar ou preservar o que está bom. A fim de minimizar os custos da mobilização política de seus eleitores, os candidatos precisam simplificar a realidade, mostrando a facilidade de se implementar as reformas necessárias ou de se alterar as características macro-econômicas sem causar traumas maiores na sociedade. Passadas as eleições o mundo perfeito começa a mudar e algumas coisas, antes tidas como certas, passam a sofrer explicações e são relativizadas.
Dependerá da capacidade que o governo Lula terá de mobilização da estrutura burocrática o sucesso de seu governo. O centro da estrutura governamental é algo desejado por todos e que tem uma capacidade de projeção de poder significativamente impactante no jogo político nacional. O governo Fernando Henrique seguiu uma linha de costura política interna que o deixou refém de um Congresso de maioria ha doc, precisando construir cotidianamente seu apoio. Por mais impressionados que possamos estar com a vitória de Lula e com as perspectivas de mudanças, devemos guardar em mente o perigo de que Lula acabe entrando no mesmo jogo e tenhamos um governo petista tucanado.
Numa primeira visão, ainda no correr dos fatos, podemos dizer que o (neo)liberalismo perdeu sua força e começa a mostrar sinais de esgotamentos e que voltaremos ao nacional-desenvolvimentismo de JK, quem sabe até colocando Simonsen novamente na moda. Os EUA Republicano foram tão desesperados na busca dos resultados imediatos, que abriram espaço para o surgimento de modelos alternativos. O Brasil é o primeiro grande país a escolher um caminho diferente daquele defendido pelos EUA (através do FMI, da OMC e do Banco Mundial). Na dimensão de referencial histórico-ideológico internacional, provavelmente mudaremos nosso foco de orientação para a França. Uma parceria Mercosul-União Européia poderá ser uma alternativa interessante ao atual modelo de inserção brasileira no cenário internacional.
En tous cas, teremos que esperar o presidente-eleito Lula assumir e começar seu governo para ver no que vai dar. As verdadeiras mudanças, se vierem, só chegarão em 2004, já que no ano que vem o PT ainda estará se aclimatando com o governo federal, mesmo porque eles nunca tiveram qualquer experiência neste sentido. Como dizem por aí, "é pagar para ver". Pagar nós pagamos nas urnas, só falta o show começar.
Moral da história: em terra de cego, caolho é rei.
Conselho Literário:
"Mas, mesmo agora, toda vez (freqüentemente) que me acontece não entender alguma coisa, então, institntivamente, me vem a esperança de que seja de novo a boa ocasião para que eu volte ao estado em que não entendia mais nada, para que apoderar dessa sabedoria diferente, encontrada e perdida no mesmo instante"
Um general na Biblioteca – Italo Calvino
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Magazine d'auteur
Política
Ano II – N. 17 – novembro de 2002