Ego e poder: quando a liderança se desconecta da realidade

Nem todo problema nas organizações vem da estratégia, da cultura ou do mercado. Às vezes, o que paralisa, sufoca ou contamina o ambiente é algo mais invisível — e mais humano: o ego. Ao observar líderes de diversas empresas e setores percebi que muitos deles, ao alcançar posições de poder, começam a se confundir com o próprio cargo. Acreditam que são indispensáveis, que estão sempre certos, que tudo gira em torno de sua presença. E o pior: oftentimes, o sistema reforça isso. Elon Musk (Tesla), Steve Jobs (Apple), Adam Neumann (WeWork), Elizabeth Holmes (Theranos) são apenas alguns exemplos de líderes que foram muito importantes para os negócios, mas que apresentam traços de liderança muito negativos para os liderados.

Esta série nasce da vontade de olhar para esse fenômeno. Não para acusar, mas para compreender. Não apenas para questionar, mas para abrir caminhos — especialmente para quem está do outro lado: os liderados que precisam encontrar formas de resistir, crescer e manter a sanidade diante de chefias egóicas. A ideia central foi buscar em pensadores da psicologia conceitos que nos permitissem entender a relação entre o líder e seu ego.

Ao longo de sete artigos, exploro como o ego se manifesta nas lideranças e o que isso ensina — sobre os outros, mas principalmente sobre nós e possíveis estratégias para operarmos em ambientes com esse perfil de liderança.

O ego que cresce mais que a empresa – líderes narcisistas passam a confundir sua identidade com a da organização, tornando-se o centro das decisões e sufocando a missão coletiva. O artigo mostra como os liderados podem preservar sua autonomia e propósito diante dessa fusão simbólica entre ego e instituição.

O líder que não ouve: a ilusão da onisciência – o excesso de autoconfiança leva líderes a acreditarem que estão sempre certos, minando a escuta e bloqueando contribuições. O artigo orienta liderados a criarem brechas de influência e estratégias indiretas para manter sua voz ativa no ambiente.

Síndrome do Messias: quando o líder acredita que é insubstituível – líderes que se veem como salvadores tornam-se barreiras à autonomia da equipe e à continuidade da organização. O texto propõe caminhos para os liderados manterem sua trajetória mesmo diante da centralização simbólica de poder.

Microautoritarismo: o poder que corrói pelas beiradas – autoritarismo sutil, disfarçado de zelo, corrói a autonomia das equipes por meio do controle excessivo e da vigilância. O artigo ensina como identificar esse padrão e encontrar espaços de liberdade e resiliência mesmo sob microgerenciamento.

Quando o reconhecimento vira moeda de controle – alguns líderes utilizam elogios e reconhecimento como mecanismos de manipulação emocional, reforçando apenas comportamentos que fortalecem sua própria imagem. O texto mostra como os liderados podem escapar desse condicionamento e sustentar sua autenticidade.

O ego na sucessão: por que líderes não preparam substitutos – o medo de ser substituído leva líderes a evitarem planos de sucessão, criando organizações dependentes e frágeis. O artigo orienta os liderados a buscar desenvolvimento e visibilidade mesmo em contextos onde o crescimento não é incentivado.

O que o ego do líder ensina sobre nós – conviver com lideranças egóicas pode ser uma experiência formativa, revelando nossos próprios valores, limites e caminhos. O artigo propõe um olhar reflexivo sobre como transformar o desconforto com o ego alheio em aprendizado sobre quem queremos ser.